Juventudes nas periferias: os principais desafios e as boas práticas no campo da educação integral em organizações sociais

abr. 18, 2024

Texto escrito por Dafner Vida, Coordenadora dos Programas Socioeducacionais  da Acorde

Nos últimos anos o Brasil tem apresentado a maior população jovem de sua história, configurando 51 milhões de brasileiros entre 15 e 29 anos segundo o censo do IBGE 2022, o que reforça a urgência do olhar para as juventudes.

Nessa fase de desenvolvimento é comum que àqueles em vulnerabilidade social passem a ser responsáveis pelos seus domicílios, com oportunidades reduzidas de acesso à formação acadêmica e emprego formal.


O Censo de Educação Superior 2022 realizado pelo Inep aponta que apenas 24,2% de jovens entre 18 e 24 anos acessam o ensino superior no Brasil, o que representa em média 3 em 4 brasileiros nessa faixa etária, dos quais 75,7% não ultrapassaram a educação básica. Este aponta também que 6,5% dos estudantes do ensino médio na rede pública abandonaram a escola, e dentre os maiores fatores estão geração de renda, pobreza menstrual, gravidez na adolescência, além da falta de formação continuada dos professores, cuja não atualização e adequação das abordagens e metodologias os desmotivam.


O Plano Nacional das Juventudes de 2018 tem por objetivo garantir a efetivação dos direitos dos jovens brasileiros que estão estatuídos na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e na Lei nº 12.852/2013 – Estatuto da Juventude – como política pública de Estado para a juventude brasileira, dentre eles: O Direito à Cidadania, Participação Social e Política e a Representação Juvenil; Do Direito à Educação; Do Direito à Profissionalização, ao Trabalho e à Renda; Do Direito à Igualdade e à Diversidade; Do Direito à Saúde; Do Direito à Cultura; Do Direito à Comunicação e à Liberdade de Expressão; Do Direito ao Desporto e ao Lazer; Do Direito ao Território e à Mobilidade; Do Direito à Sustentabilidade ao Meio Ambiente; e Do Direito à Segurança Pública e ao Acesso à Justiça.


Assim como a concepção da educação integral, compreende o desenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens em todas as suas dimensões, intelectual, física, emocional, social e cultural, constituindo no ambiente escolar um projeto compartilhado entre famílias, educadores, gestores e comunidades locais, além do princípio de constituir práticas emancipatórias por meio da contemporaneidade, inclusão, sustentabilidade e equidade.

No entanto, em pesquisa elaborada pela Agência Brasil junto aos educadores e gestores do ensino público, a educação integral ainda tem se mantido mais presente nas escolas urbanas centrais, onde estão presentes, maior parcela de jovens brancos e economicamente privilegiados.


Apresenta como desafios a efetivação de demandas como a melhoria na infraestrutura das escolas, plano de carreira para os docentes e políticas de permanência dos estudantes, e não apenas uma nova carga horária e plano curricular.

Diante dos imensos obstáculos da real implantação de uma educação integral emancipatória no ensino público formal, as organizações sociais, vêm propondo experiências por meio das premissas da educação integral em um espaço educacional não formal. O compromisso das organizações sociais tem sido fortalecer as juventudes identitária e territorialmente, reconhecendo e valorizando suas etnias, ancestralidades, valores, crenças e cultura, se enxergando também como sujeito político, para que possam se desenvolver humanamente e sonhar, não de desprendendo de seus

históricos de lutas sociais.


Propor ações e práticas que atendam ao desenvolvimento das habilidades socioemocionais, artísticas e culturais, que atuem no desenvolvimento dos eixos emocional, físico, cultural e social, promovendo ações de equidade e

sustentabilidade é um bom norteador para o trabalho com as juventudes. Ou seja, os jovens devem ser fortalecidos para que possam romper com as barreiras sociais importas às periferias.


É urgente uma educação de gênero e sexualidade que atenda à prevenção do abuso sexual e gravidez na

adolescência, educação política para que reconheçam seus direitos e programas de apoio ao desenvolvimento social, oportunidades locais e externas de aprendizagem, formação técnica, superior e de empregabilidade associadas à um plano de ação que lhes direcione à realização de seus objetivos e sonhos.



As juventudes periféricas, de acordo com levantamento da Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho

(Ministério do Trabalho), configuram 17% da população nacional. Estes são jovens potência para o desenvolvimento socioeconômico e precisam ser reconhecidos como. Lhes apresentar oportunidades diversas, para além de

uma emergencial inclusão produtiva e geração de renda, é nosso dever.

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